* Que me lembre, existem três livros que peguei pra ler na adolescência e não fui em frente por preguiça. Acho desculpa furada quando alguém diz não ler por não ter paciência ou por falta de tempo. Paciência e preguiça vá lá, mas falta de tempo?
* No início dos anos 1980 eu era um rato de biblioteca. Tracei quase todos os livros que me interessavam. Romances, biografias, diários de viagens, História, e o escambau. Em 84 enchi 3 carteirinha da biblio. Li 96 livros, fora os que emprestei ou comprei durante o ano.
* Ilíada,
Dom Quixote e
O Conde de Monte Cristo ficaram pra trás. Cervantes eu peguei duas vezes, mas deu 30, 40 páginas, desisti. Com
Ilíada foi a mesma coisa, mas não me arrependo. Deveria ter lido, sim,
Os Três Mosqueteiros. Mas ainda dá tempo.
* No último sábado fui a um sebo e comprei quatro livros: dois da
A. Christie,
Os Gritos do Silêncio e o
Conde... Mesmo com letras miudicas eu vi que tinha algo estranho com o número de páginas (391). Em casa dei conta da furada. Era a terceira e última parte d
'O Conde. O total deve ser mais de 1000. Por isso é que me dava preguiça, pensei. Agora é ir lá trocar.
* Os livros mais longos que possuo e já li mais de uma vez são
As Vinhas da Ira (629);
Vidas Amargas (642), ambos do John Steinbeck, e
Os Miseráveis (516).
As Vinhas já li 4 vezes, e Os Miseráveis, 3. São livros envolventes e memoráveis, daqueles que a gente não quer parar nem pra comer.
* Dois livros que foram um "achado" na minha vida:
O Apanhador no Campo de Centeio, comprei numa liquidação em Londrina, em 1989, por puro acaso.. Outro foi
Fome, do Norueguês Knut Hamsun, encontrado numa feira de livros usados na UEM. Sabia da existência dos dois mas nunca achava. Hoje tá mais fácil comprar graças à Internet.
*
Bukowski, Fante e Kerouac fizeram minha cabeça no ínício da década de 80. Com Kerouac, em 1982, deu vontade de largar família, amigos, emprego e cair no mundo, virar mochileiro, curtir a vida, como ele descreve em sua mais importante e conhecida obra
, On the Road (Pé na Estrada) de Alías, fiquei sabendo mais tarde que muita gente caiu na estrada após ler o livro. Eu era muito bundão para tal empreitada.
* Os livros de
Charles Bukowski exalam álcool, lirismo e bom humor alternado com momentos trágicos na vida de seu alterego
Henry Chinaski. Outro que também vivia largado, mudando constantemente de empregos mixurucas e mulheres. Dou muita risada com esse alemão pra lá de maluco.
*
Arturo Bandini é o personagem autobiográfico do americano
John Fante. Mais comedido em suas ações mas quase sempre também no fio da navalha, Fante conta suas desventuras da infância e juventude, quando tenta a qualquer preço ser um escritor. Fante mistura humor e dor em seus textos simples e maneira pecuiliar de escrever.
* A maioria dos contos e romances dos três são escritos na primeira pessoa, Fante e Buck descrevem, de forma simples e coloquial, as agruras de jovens tentando ser escritores. Interessante é que
Fante tem influência de
Fome, de
Hamsun (1859-1952) e
Bukowski herdou o estilo do primeiro. Coisa inerente aos livros e contos dos dois autores: Não existe final feliz em nenhum deles.
*
"Eu era um jovem, passando fome, e bebendo e tentando ser escritor. Fazia a maior parte das minhas leituras na Bibliote Pública de Los Angeles, e nada do que eu lia tina a ver comigo ou com as ruas ou com as pessoas que me cercavam. O que escreviam era uma mistura de sutileza, técnica e forma, e era lido, ensinado, ingerido e passado adiante. Por que ninguém dizia algo? Por que ninguém gritava? (...)
Então um dia puxei um livro e o abri, e lá estava. Fiquei parado de pé, por um momento, lendo (...) Aqui estava um homem que não tinha medo da emoção. O começo daquele livro foi um milagre arrebatador e enorme pra mim"- Charles Bukowski, no prefácio de
Pergunte ao Pó (1939), de
Fante.
* Vieram e foram:
-Jack Kerouac: 1922-1969
-
John Fante- 1909-1983
-
Charles Bukowski- 1920-1994