Depois de um tempo, ontem de manhã fui no Bar do Nelson dar sinal de vida e levar umas tangerinas pra ele. Era por volta das 11 e um cara chegou na ponta do balcão, ao meu lado, e pediu uma pinga com raiz e uma cerva. É um rapaz novo, que esqueci o nome, e que é muito legal. Balancei a cabeça pra ele e ele retribuiu. Apontei minha boca e fiz sinal de negativo, dando a entender que não podia falar. Peguei a caneta e o guardanapo e escrevi:
"Faltam três sessões de radioterapia. Fase final. Os médicos dizem que acontence isso. Logo volta ao normal". Ele leu, pegou a caneta da minha mão e mandou:
" Dói? Você tá tomando remédio?!"
Devolvi:
"Perda total do apetite e não passa nada de sólido na garganta já vai pra mais de 15 dias. Remédio, não, mas tô tomando sem álcool". E ele pegou o papel novamente. Fiquei na minha, esperando até onde ia a coisa.
Escreveu:
"Vai operar?", e devolveu o papel.
Escrevi:
"Talvez não precise. Vou fazer uma tomo daqui um mês pra saber. E você, vai operar?"
Com ar de espanto, encolhendo os ombro, rabiscou que não e continuou com os olhos arregalados.
Escrevi, ele leu, botou a mão na testa e falou, dando risada:
"Puta que pariu! É mesmo, véio".
Tava lá no papel:
"Se você consegue falar, pode mandar ver. Eu ESCUTO, porra!"
*********
Contei essa porque foi mais engraçada, mas pouco antes havia ocorrido algo parecido (por isso eu estava com caneta e guardanapo na mão). O seu Ulisses, morador do Borba, um cara muito inteligente, perdeu a esposa há quase um ano e anda bem baixo astral, esquisito e repetindo as coisas. Disse que o médico lhe receitou antidepressivo mas que não ia tomar.
Perguntou como eu estava e fiz gestos pra ele, apontando a garganta e fazendo sinal de mais ou menos com a mão e a cabeça. Como ele já estava na terceira misturada, não entendeu bem, e reforcei escrevendo no papel. Ele leu, demorou pra sacar o que estava escrito e começou:
"Eu... (apontando pro peito) tenho um amigo (apontou pra mim e deu um tapinha nas minhas costas) que curou com mel de jataí (falou MEEEEL pausadamente seguido de um balançar de mãos no ar e um bzzzz bzzzz).
Balancei a cabeça concordando. Fazer o quê? E ele continuou comigo olhando pra ele, corpo meio mole e voz pastosa:
" Se De-UUUS... quiser (apontando pra cima, emendando um baixo 'e Ele quer'- você (dedão pra mim) vai ficar BO-OOOOM (sinal de positivo).
Peguei o papel e escrevi:
"Seu Ulisses... eu não posso falar, mas tô escutando que é uma beleza. Pode parar de gaguejar e fazer sinal. Fala que eu escuto!"
Ele leu, olhou pra mim e disse, colocando o indicador na cabeça:
"Carai. Olha como é a mente do ser humano. Você não tá falando e eu achando que tinha que fazer o mesmo.
(risos)
Contei essa porque foi mais engraçada, mas pouco antes havia ocorrido algo parecido (por isso eu estava com caneta e guardanapo na mão). O seu Ulisses, morador do Borba, um cara muito inteligente, perdeu a esposa há quase um ano e anda bem baixo astral, esquisito e repetindo as coisas. Disse que o médico lhe receitou antidepressivo mas que não ia tomar.
Perguntou como eu estava e fiz gestos pra ele, apontando a garganta e fazendo sinal de mais ou menos com a mão e a cabeça. Como ele já estava na terceira misturada, não entendeu bem, e reforcei escrevendo no papel. Ele leu, demorou pra sacar o que estava escrito e começou:
"Eu... (apontando pro peito) tenho um amigo (apontou pra mim e deu um tapinha nas minhas costas) que curou com mel de jataí (falou MEEEEL pausadamente seguido de um balançar de mãos no ar e um bzzzz bzzzz).
Balancei a cabeça concordando. Fazer o quê? E ele continuou comigo olhando pra ele, corpo meio mole e voz pastosa:
" Se De-UUUS... quiser (apontando pra cima, emendando um baixo 'e Ele quer'- você (dedão pra mim) vai ficar BO-OOOOM (sinal de positivo).
Peguei o papel e escrevi:
"Seu Ulisses... eu não posso falar, mas tô escutando que é uma beleza. Pode parar de gaguejar e fazer sinal. Fala que eu escuto!"
Ele leu, olhou pra mim e disse, colocando o indicador na cabeça:
"Carai. Olha como é a mente do ser humano. Você não tá falando e eu achando que tinha que fazer o mesmo.
(risos)
9 comentários:
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
UAHUAHAUHAUHAUAHUAHAUHAUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHAUHUHAUHAUAHU hilário Lukas, hilário...
Continue assim, tá se saindo melhor que a encomenda.
kkkkkkkkkkkkkkkkk normal, eu tenho uma amiga que é cega, então sempre que estou com ela ajudo-a dando o braço para que ela pegue e andemos, o que ocorre é que depois que deixo ela em casa, acho que todo mundo é cego, fico querendo dar o braço para as pessoas pegarem, outro dia dei o braço p/ minha irmã pegar e caminhar, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
História semelhante contou Geraldo Magela em entrevista com Jô Soares. Dizia ele: As pessoas gritam para falar comigo. Pensam que ser cego significa ser surdo.
Os flagrantes da vida real - lembram-se da Seleções? - são impagáveis hein Lukas? E nos fazem rir sozinhos.
Ivan
Fazia tempo que eu nao ria assim!!!
Ainda bem que ninguem pediu Caracu...
kkkkk, muito bom. Minha mulhe tá perguntando o que to me matando de rir.
Gostaria de ter presenciado estas cenas!!Hilário! Ri muito sózinho aqui... Como você diz: " eu si divirto!"
Lukas, viu o site sobre os puzzles? Entre lá: http://www.histoire-en-ligne.com/spip.php?rubrique57
Boa diversão!
A nossa torcida continua!
Grande abraço!!
Engracado, mas me vi na pele dos caras. Como sou muito desligada, acho que faria o mesmo. Ah, ah, ah...
Não posso rir deles porque eu, do jeito que sou, poderia ter feito o mesmo. Já viu aquelas pessoas que, quando falam com uma pessoa de descendência oriental, resolvem conversar com sotaque de japones? Pois é, eu ja fiz isso, mas um amigo me chamou a atenção dizendo que eu poderia falar em português com sotaque de brasileiro, que ela entenderia.
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