27.5.10

Cartum de vida curta

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Que coisa, não? Publiquei esse cartum em O Diário em 1998. Me lembro porque, na época, eu também trabalhava como repórter do jornal. Eu estava num prédio em construção para uma matéria quando um engenheirro passou por mim com aquele treco na mão indo para a calçada atender uma chamada. E ele ficava conversando e olhando para os lados, embevecido, o rei da cocada preta.
Eu pensei: dá um cartum. E deu. Hoje dá pra jogar no lixo, porque perdeu totalmente a graça. Foi muito rápida a defasagem.

Naquele tempo dava pra contar as pessoas que possuiam celular, que de tão grande e bandeiroso era chamado de "tijolão".
Por volta de 2005, portanto sete anos depois, peguei carona até o centro com um mestre de obras. Eu achava ridículo tanta gente se curvando àquele aparelho com tantos orelhões na cidade.
No caminho, seu celular tocou e ele atendeu. Conversou sem parar o carro no acostamento, como hoje é obrigatório por lei (risos). Aí me falou "Era um pedreiro lá da outra obra pedindo material. Se não fosse esse tal de celular eu só ia ter contato com ele na hora do almoço, lá em casa".
Caiu minha ficha. O uso daqueles pareios (ainda trambolhos) era realmente necessário. Pintores, pedreiros, profissionais liberais e vendedores tinham o celular como uma importante ferramenta de trabalho. Não era ostentação. Era- e é- imprescindível para contatos rápidos no dia-a-dia.
Antes do celular, no início dos anos 1990, a febre era o BIP. SE não me falha a memória, era assi:Você ligava para uma central, deixava o recado pra alguém te ligar. O usuário do Bip recebia a mensagem num aparelhinho, ligava de volta para a operadora e pegava o número. E dá-lhe usar orelhão. Para vendedores era o que havia.

Desde o cartum acima até hoje, passaram-se somente 12 anos. Hoje são 175,6 milhões de celulares em todo o Brasil e a tendência é aumentar. Conheço várias pessoas que tem dois ou mais telefones. Possuo um bem simplezinho. Quando toca eu não atendo devido às condições atuais da minha voz. Tá em algum lugar, dentro da mochila. Dá pra ouvir FM, tem joguinhos e vibracall (Uia!).
Hoje, os modelos de última degeneração vêm com câmera, recurso para baixar e enviar vídeos e músicas, assistir TV e jogar games em tempo real.
Só falta ralar coco e cortar pepino em rodelas.
Mas isso é uma questão de tempó.


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