Mais uma passagem de O Apanhador no Campo de Centeio. Hould Caulfield conversa com sua irmãzinha, Pheobe, após retornar a Nova Iorque depois de levar bomba por faltas num colégio particular. Ele não quer ser nada na vida, não quer uma profissão "de futuro".
- Papai vai te matar. Vai te matar.
Mas eu nem estava ouvindo. Estava pensando noutro troço, uma coisa amulacada.
- Você sabe o que é que queria ser? Se pudesse fazer a merda da escolha?
- O quê? Pára de dizer nome feio.
- Você conhece aquela cantiga: "Se alguém agarra alguém atravessando o campo de centeio"? Eu queria...
- A cantiga é"Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio"! - ela disse- -É dum poema do Robert Burns.
- Eu sei que é dum poema do Robert Burns.
Mas ela tinha razão. É mesmo "Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio". Mas eu não sabia direito.
- Pensei que era "Se alguém agarra alguém"- falei.
Seja lá como for, fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos e ninguém por perto- quer dizer, ninguém grande- a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o que eu tenho que fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se algum deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice.
2 comentários:
Bem bacana Lukas. Eu adoro sebos. Eu queria tanto ler mais do que eu posso mas não tenho condições. O que falta é a grana. Mas vou procurar na cidade. Obrigado pela dica e parabéns pelo blog e o trabalho no jornal.
Emilia do Cidade Alta.
Legal esse texto. Já li o livro mas nõa consigo mais achar.
Beleza você ter lembrado. Vou nos sebos. Aliás, Maringá tá bom de sebos. Jóia!!
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