16.11.07

Cenas do boteco

* Acordei 4 horas pra terminar a coluna de domingo e por volta das 10, tudo zerado, peguei um livro do Bukowski, a bike, e fui no bar do Nelson, ler um pouco no balcão e tomar cerveja. Bar vazio, bati um papinho com ele e abri o livro. Eis que- horror do horrores- chega um cara com quem não tenho muito papo (não que ele seja de todo mal), fala alto e fino pra caçamba e se põe a conversar. Aí vem um outro ( esse bem amigo) que perdeu as cordas vocais devido ao cigarrinho e se posta entre eu e o tagarela. Larguei a bomba na mão dele e voltei à leitura. Só que eu não conseguia passar do terceiro parágrafo do livro devido à falação.
Passa uns 15 minutos (e o cara sem parar de falar!) chega o Martinez, cunhado do apresentador Ratinho. Num espaço de uma hora ele fala duas frases, bebericando pinga com raiz amarga. Ele já tá meio velhinho e também é bem legal.
Aí o tagarela iniciou papo sobre um programa da National Geographic que ele assistiu mostrando gente comendo escorpião torrado e outros quitutes. Foi então que eu reparei na cena: o cara falando sem parar; o outro só ouvindo por que não fala mais; eu com o bom e velho Buck sem sair da primeira página e o Martinez fumando e bebendo que nem um condenado sem abrir a boca. Os quatro, lado a lado no balcão. E o Nelson quietão, do lado de dentro, sentado no banquinho.
Paguei a cerva e caí fora. Às vezes a gente quer espairecer, relaxar, mas pinta um clima desses que estraga tudo.

*Mas antes aconteceu outra coisa maluca: estou cadeando a bike quando, na porta do bar, dou de cara com o Mala que me pede 10 reais emprestados pra colocar gasolina na moto de outro mala pra irem receber 500 reais (lógico que era migué). Desconversei dizendo que não tinha.
Deu 20 segundos (juro: 20 segundos!) e chega o Vira-Cambota e me pede 15 pra colocar gasosa no Fiat que lá pela hora do almoço me pagava. Me esquivei também. Tava na cara que a manhã de sexta estava prometendo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mas Lukas, porque você não falou aquilo que se fala para pessoas chatas, inconvenientes, sem nenhum respeito e arrogantes:

"Porque no te callas"

Funcionou com o ditador da Venezuela. Ele só voltou a vomitar asneira dois dias depois.