3.9.07

Lulafobia

Trecho de entrevista com o jurista e professor emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) Dalmo Dallari à Tribuna da Imprensa (RJ) de ontem:

Eu estou convencido de que estamos vivendo no Brasil uma epidemia do que eu chamaria de Lulafobia. Há uma verdadeira Lulafobia. O que se verifica é que as elites, ditas elites ou pretensas elites tradicionais, até hoje não se conformaram em ver um operário na Presidência da República. E têm muito medo de que isso crie um hábito, de que isso se repita, e querem de qualquer maneira desmoralizar o presidente Lula, para impedir que na sua sucessão se repita alguma coisa parecida.
Quer dizer, o que se quer é desmoralizar o Lula para reconquistar o terreno perdido pelas elites tradicionais. E o que se verifica, é que, infelizmente, grande parte da imprensa age segundo essa Lulafobia. Grandes jornais brasileiros se tornaram verdadeiros boletins anti-Lula. Hoje não se pode ler com confiança o noticiário político dos grandes jornais. Eu mesmo tenho feito uma observação que durante anos utilizei os jornais como matéria de aula.
Na minha disciplina de Teoria Geral do Estado, eu levava jornais para comentar com os meus alunos. Hoje eu não faria isso, porque não confio naquilo que sai na grande imprensa. Sei que há muita invencionice, muita distorção, mentira, exatamente por causa da Lulafobia. Então, é um dado muito negativo da nossa realidade de hoje.

Um comentário:

Inconformado disse...

É isso mesmo, nojento e asqueiroso o comportamento da elite branca e preconceituosa desse país. É triste ver que o próximo presidente possa ser o José Serra ou o Aécio, que não tem as mesmas preocupações sociais. O governo Lula tem muitos defeitos e falhas, mas é o que mais se aproximou da base da pirâmide, depois de Getúlio Vargas. Para quem convive com pessoas simples, é bom ver um presidente se importando com o andar de baixo. Nos sentimos melhores em ver as pessoas de classe social mais baixa pelo menos podendo comer. Se puder sobrar para um investimento, uma moto, um terreno, melhor ainda. Sou utópico. E espero ver na sucessão de Lula, alguém com preocupações sociais.