19.9.07

Joubert

Amanhã, 20 de setembro, vai dar 30 anos da morte do mineiro Joubert Contijo de Carvalho (1900-1977), autor de Taí (Pra você gostar de mim...) , eternizada por Carmem Miranda, e Maringá, entre outras 700 canções.
A origem do nome da música Maringá (1932) se perdeu no tempo. Vejam o que dizem esses dois textos, o primeiro do mestre em Geografia da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte:
"Maringá acabou se tornando a mais expressiva das composições de Joubert de Carvalho. Foi seu maior sucesso e acabou dando nome a uma hoje grande cidade do estado do Paraná. Recebeu dezenas de gravações (inclusive no exterior), tendo seu êxito em grande parte se devido à gravação primitiva do tenor paulista Gastão Formenti (1894 – 1974) e às excelentes interpretações do cantor de voz canora Carlos Galhardo (1913 – 1985), que a gravou por duas vezes em 1939 e 1957.
O folclore sertanejo é riquíssimo e precisam ser resgatadas com grande interesse as lendas esquecidas com a névoa do tempo e pelos efeitos da aculturação, a exemplo da história (ou estória?) transmitida de boca em boca de Maria, uma cabocla sensual que migrou da região do Ingá (no Agreste paraibano), para a cidade de Pombal (Sertão da Paraíba) em uma grande seca ocorrida no século XIX.
Reza a tradição que na famigerada estiagem de 1877, Maria deixou Pombal e procurou novas paragens, deixando naquele longínquo rincão sertanejo um caboclo apaixonado e com lágrimas nos olhos."
Aí vem uma outra versão que tio Lukas leu há muito tempo e vai tentar repetir de cabeça: Em Pombal havia uma moça muito bonita que morava em uma rua onde havia vários ingazeiros. Um poderoso (coronel) da cidade era apaixonado por ela. Na época de um êxodo devido à seca, Mar ia do Ingá, como era conhecida, veio com a famíla para o Sul do país.
Com o coração partido, o coronel pediu pra Joubert escrever uma música falando da moça. O compositor viu que Maria do Ingá não ia dar certo. Fez uma junção genial e criou Maringá. A música tocava em todas as rádios e ficou famosa.
Era comum os desbravadores do Paraná e região Sul batizarem rios com nomes vários. O Ribeirão Maringá, muito tempo depois, virou o nome da cidade.

Romero Cardoso (da primeira versão) completa, de forma severa : Usurpada indevidamente pelos paranaenses da cidade de Maringá (nomeada em homenagem à famosa canção), os quais não possuem nenhum direito histórico ou geográfico sobre o que retrata a música eternizada pela emocionante genialidade do dr. Joubert de Carvalho que, atendendo ao apelo e à inspiração de Ruy Carneiro, transformou Maringá num verdadeiro hino do povo pombalense.
O que o poema tematiza diz respeito somente à cidade de Pombal e à realidade sertaneja (...) Foi numa leva que a cabocla Maringá/ Ficou sendo a retirante que mais dava o que fala/ E junto dela veio alguém que suplicou/ Pra que nunca se esquecesse de um caboclo que ficou. Este trecho demonstra que, em tese não há a menor relação da mensagem poética com a cidade paranaense de Maringá, a qual nunca foi constituída por caboclos, como o sertão da Paraíba (notar a ênfase do registro da fala do homem popular – fala ao invés da forma infinitiva falar), e sim por uma população de origem européia que, em sua maioria, certamente desconhece as levas de retirantes tão típicas dos freqüentes períodos de seca do Nordeste brasileiro.

Contrariamente, o estado do Paraná tem o privilégio de não sofrer as estiagens que chegam a expulsar o homem nordestino do campo. Na realidade, a canção ficou lá conhecida apenas devido ao fato de ter sido com muita freqüência cantada nas horas de labuta e de lazer pelos operários da construção civil, nordestinos que, fugindo do flagelo da seca, migravam para aquele rico estado brasileiro em busca de trabalho.

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