" (...) achei que ia pegar uma pneumonia e morrer. Fiquei imaginando milhões de chatos indo ao meu enterro e tudo. Meu avô de Detroit, aquele que fica lendo alto os nomes das ruas quando a gente anda numa porcaria dum ônibus com ele, e minhas tias- tenho umas 50 tias- e todos os nojentos dos meus primos. A tropa toda ia estar lá. Estavam todos quando o Allie [irmão de Caulfield] morreu. Me deu uma pena danada de meu pai e de minha mãe. Só tinha uma coisa boa, era saber que ela não ia deixar a Phoebe assistir a droga do meu enterro porque é muito criança.
Ai pensei na cambada toda me metendo numa droga de cemitério, com meu nome num túmulo e tudo. Cercado de gente morta. Puxa, depois que a gente morre eles fazem o diabo com a gente.
Quando faz bom tempo, meus pais vão ao cemitério e espetam um punhado de flores no túmulo do Allie. (...) não é tão ruim quando faz sol, mas duas vezes quando estávamos lá dentro começou a chover. Foi horroroso. Choveu na porcaria do túmulo dele, e choveu na grama em cima da barriga dele. Chovia por todo lado. O pessoal todo que estava de visita saiu correndo para os carros. Foi isso que me deixou doido. Todo mundo podia correr pra dentro dos carros, ligar o rádio e tudo e ir jantar num lugar bacana- todo mundo menos o Allie".
Um comentário:
Que m...! Estou relendo as postagens do Lukas e encontro isso... Sei que ele gostava muito desse livro,mas essa postagem parece a tal da crônica da morte anunciada. Vc sabia que ia partir, não sabia, Lukas?
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