21.8.10

Kerouac mamão com açúcar?

Esse texto foi escrito de forma displicente na noite de quarta-feira. Deixei standbyzado e pretendia aprimorar as informações. Mas, como hoje foi um sábado agitado, diferente para os meus atuais parâmetros e superlegal demais, eu nem tive tempo de atualizar o Casa. Então vai aí uma encheção de linguiça, pra não dizer que não postei nada hoje.

Desde o dia 4 de agosto, o cineasta Walter Salles está rodando "On The Road" no Canadá. Até o fim do ano, a produção passará pelos Estados Unidos (Nova Orleans e San Francisco) e México. Sal Paradise, alter ego do escritor beat, Jack Kerouac, será interpretado por Sam Riley.

Torço pra que seja produzido um filme à altura do genial Kerouac; que reproduza fielmente a essência do livro que fez a cabeça de uma geração: aventura inconsequente, desbunde total, álcool, jazz, benzedrina, caronas, fumo, chutaços na bunda do stablishment, e muuuuuita loucura nas noites americanas.
Se bem que dá medo. A imprensa já está fazendo o maior auê em torno da atriz brasileira Alice Braga (quem?) que irá interpretar Terry (na vida real Bea Franko), uma mexicana com quem ele teve um relacionamento que durou 15 dias (estão dizendo que ela será a "namorada de Paradise"- ai, ai).
Dá medo porque podem transformar uma puta odisséia de dois amigos estradeiros em um romance-draminha- mamão- com- açúcar. Apesar de, no livro, a descrição da convivência de Jack com Terry, o filhinho e os demais familiares- vivendo no campo, queimando erva, trabalhando e fazendo amor nas quentes noites do deserto- é muito rica e marcante. Além de um final melancólico e triste. Dá, sim, umas passagens e diálogos bem interessantes.

Só que estão dando muita ênfase à "namorada" de Paradise. Vem coisa melosa por aí?
Dá medo porque já que estragaram Pergunte ao Pó, de John Fante. Vi algumas partes do filme no Youtube e deu vontade de chorar, tamanho o desvirtuamento de uma obra tão lírica, humana e cheia de vida. Virou um romance mal-resolvido ente Bandini (alter ego de Fante) e a garçonete mexicana, Camila. Uma caca.
Agora é confiar na competência e bom senso de Walter Salles.

Só para ilustrar: Kerouac escreveu sobre três namoradas em três livros distintos. Mardou Fox (uma negra) em Subterrâneos, Terry, em On the Road e Tristessa, também mexicana, no livro homônimo.
Além disso foi casado três vezes. Stella Sampas, amiga de infância, foi sua última esposa, de 1966 a 1969, ano da morte do escritor.

2 comentários:

Dennis disse...

Deve ser complicado mesmo filmar "on the road" né? Quando saiu a notícia do filme eu reli o livro e fiquei imaginando como seria na telona essa ou aquela passagem. Tomara que saia um filmão, daqueles da gente comprar para rever de tempos em tempos. O que achou de "Diários de Motocicleta" Lukas?

lukas disse...

Olá, Dennis. Já li On the Road quatro vezes. A primeira em 1983. Pretendo ler agora o Manuscrito Original, que ganhei de presente em 2008.É o livro tal como foi escrito, acrescido de quatro ensaios sobre o mesmo.
Bom, não assisti Os Diários. Li sobre o filme e pretendo ver qualquer hora dessas.