28.6.10
Tex
Em 1973 eu tinha 11 anos e era viciado em gibis da Disney. Tio Patinhas, Donald e Mickey reinavam na minha pequena cachola. Nesse ano descobri Tex, o heróis mais famoso dos quadrinhos de faroeste. O primeiro a que tive acesso foi o número 29, Os Cinco Fugitivos do Inferno, dado por um tio de Mandaguari, que também adorava gibis.
Os Disney ele chamava de "Pato". Eu ia passear no sítio e a primeira coisa que ele perguntava era: "Marcos, você trouxe Pato?", ou então "Comprei uns Pato essa semana, depois você leva". Tempo bom, esse.
Gamei no tal Tex. Daí foi fuçar nas bancas para comprar usados; lá de vez em quando, pois a família não tinha muita grana pra essas coisas. Se bem que o pai e a mãe sempre investiram na compra de gibis, quando podiam.
Eu estudava com um japonezinho que morava num sítio nos fundos da Vila Esperança. Morava com a família e cultivavam uma horta enorme. Me lembro que tinha até uma roda d'água- a primeira e última que vi na minha vida.
Uma vez por mês eu descia no meio do cafezal pra ir até a casa do amiguinho, que comprava o Tex novinho todos os meses. Ele não colecionava e trocava por três ou quatro gibis usados (geralmente de super-heróis) que eu levava. Na voilta, afanava algumas cenouras, vinha comendo e folheando e cheirando o gibi novinho, saindo fumaça, doido pra chegar em casa, deitar na calçadinha fria da lateral e devorar o material. Tempo bom.
Aí, dá-lhe tio, japonezinho, banca, (um ou outro furto em banca, inclusive) e anos depois, fiz o levantamento: tinha do 1 ao 102, faltando apenas quatro exemplares intermediários entre eles. Aí ocorreu a tragédia: Me parece que a gente precisava de dinheiro urgente pra não sei o quê, e eu vendi a coleção por uma mixaria na Banca Faroeste, do Cido, perto do viaduto da avenida São Paulo.
Depois disso montei uma coleção razoável da segunda edição lançada, acho, em 1976. Juntei uns 30 gibis e depois também dei sumiço, não me lembro como e pra quê.
Mas o que deu vontade de chorar mesmo (depois de ter feito a burrada) foi o que aconteceu mais recentemente. Há uns oito anos comprei do Tazima, da praça Raposo Tavares, do 1 ao 246 da PRIMEIRA EDIÇÃO!! A 1 real cada e conservadíssimos.
Foi um achado e a coleção ficou num lugar de destaque na estante do meu quarto. Li e reli umas 3 vezes cada um durante uns 4 anos. Aí veio a idéia de comprar um Playstation 2. Vendi tudo pro Robes, do sebo perto da Prefeitura, e interei pra comprar o console.
Aí é que entra a vontade de chorar, ou enfiar o dedo e rasgar: Dois dias após eu dar adeus aos Tex, minha irmã me liga dos EUA avisando que havia comprado, e já enviado o Play 2, pra mim, de presente.
Quase desmaiei. Tivesse ela ligado antes, ou eu esperado mais um dia, a grande cagada seria evitada. Pensei em devolver a grana e pegar de volta, mas, negócio é negócio.
Dia desses, conversando com o Robes, ele me disse que encaixou a coleção e não vende por dinheiro nenhum. "Tá lá no apartamento. Aquilo é uma relíquia"
Pior que ele não vende e também não lê os gibis. Dá raiva só de pensar naquele MEU material todo trancado numa caixa de papelão.
Tex Willer foi criado pelo roteirista Gian Luigi Bonelli e desenhado por Aurelio Galleppini, sendo publicado pela primeira vez na Itália em 30 de setembro de 1948. Vaqueiro em um rancho do Texas, tem seu pai (Ken Willer) morto por bandidos mexicanos. Jurando vingança, cai na poeira liquidando os assassinos, matando apenas para se defender e sendo confundido como fora- da- lei.
Tex torna-se ranger; logo depois, casa-se com Lilyth (Lírio Branco), filha do chefe Flecha Vermelha (não confundir com Nuvem Vermelha, outro chefe indígena), torna-se chefe dos Navajos na reserva do Arizona, com o nome de Águia da Noite e tem um filho, Kit Willer, que irá acompanhá-lo em algumas aventuras (pessoalmente, muito insosso por meu gosto).
Faz amizade com outro ranger, Kit Carson, que havia sido batedor do exército americano. Carson, o "Cabelos de Prata" é um tipo de meia idade, resmungão e louco por bifes grossos rodeados de batatas fritas.
Jack Tigre - um índio navajo amargurado por ter perdido o grande amor de sua vida- consegue achar pistas, é exímio atirador e domina com eficácia o arco e flecha. Quieto, sempre soltando um "ugh", quase sempre está fazendo cobertura para o ranger em suas aventuras. É o chefe da aldeia na ausência de Tex.
Alguns personagens que aparecem de vez em quandoe que são amigos do ranger: El Morisco ( o Bruxo Mouro -uma espécie de feiticeiro- cientista); o mexicano Montales; o caçador canadense Gros-Jean; o pugilista irlandês Pat Mac Ryan e o casaco vermelho Jim Brandon, entre outros.
Seus inimigos mais famosos e instigantes são o feiticeiro malucão Mefisto, o filho Yama e Zendha, sempre usando magia negra para derrotar, sem sucesso, Tex e seus amigos. O legal das histórias é que algumas são mistura de faroeste com ficção científica, mistério e terror. Tex já enfrentou vikings, dinossauros e até alienígenas.
Tenho ido a sebos e já consegui comprar 26 gibis que me interessavam, entre eles todos onde aparece Mefisto. Há uns dois anos, a Bonelli Comics vem lançado Os Grandes Classicos de Tex. Uma boa para quem perdeu histórias legais, feito eu.
Bom, o pouco que eu sei, curti e curto do personagem está aí. Pra saber mais sobre Tex, entre e acesse os tópicos Cronologia Tex
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3 comentários:
Belo texto sobre a sua relação (e paixão) com Tex, prezado Lukas, tanto que gostaria de publicá-lo no blogue português do Tex (agradeço o seu link para lá)e por isso peço a sua autorização, porque um texto desta qualidade merece ser lido pelo maior número de Texianos.
Aproveito também para lhe pedir uma entrevista para a nossa rubrica dedicada aos fãs e coleccionadores de Tex porque um Texiano do seu quilate e com a história que você teve (e tem) com o Ranger, merece ser dado a conhecer ao mundo!
Posso contar consigo?
Um abraço deste seu pard português,
José Carlos Francisco "Zeca" - Blogue português do Tex
Nossa, Lukas!
Rolou uma lágrima de meu olho esquerdo! Fico emocionado quando vejo alguém gostar de TEX como eu gosto. O primeiro TEX que li foi o 28, TEX vence Buffalo Bill, em 1978, e daí prá cá, fui garimpando aí em Maringá, até conseguir toda a coleção. Hoje meu "acervo" é de 670 gibis, bem conservados até. Uma coleção que não tem preço.
muito legal a historia de sua vida, tambem tenho muitos gibis do tex, mas n tenho a coleção, e nunca pensei que acharia outra pessoa que conta-se do Tex, parabéns por sua postagem, eu adorei ela abraços mano :) :)
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