12.4.10

Livros

* Que me lembre, existem três livros que peguei pra ler na adolescência e não fui em frente por preguiça. Acho desculpa furada quando alguém diz não ler por não ter paciência ou por falta de tempo. Paciência e preguiça vá lá, mas falta de tempo?

* No início dos anos 1980 eu era um rato de biblioteca. Tracei quase todos os livros que me interessavam. Romances, biografias, diários de viagens, História, e o escambau. Em 84 enchi 3 carteirinha da biblio. Li 96 livros, fora os que emprestei ou comprei durante o ano.

* Ilíada, Dom Quixote e O Conde de Monte Cristo ficaram pra trás. Cervantes eu peguei duas vezes, mas deu 30, 40 páginas, desisti. Com Ilíada foi a mesma coisa, mas não me arrependo. Deveria ter lido, sim, Os Três Mosqueteiros. Mas ainda dá tempo.

* No último sábado fui a um sebo e comprei quatro livros: dois da A. Christie, Os Gritos do Silêncio e o Conde... Mesmo com letras miudicas eu vi que tinha algo estranho com o número de páginas (391). Em casa dei conta da furada. Era a terceira e última parte d'O Conde. O total deve ser mais de 1000. Por isso é que me dava preguiça, pensei. Agora é ir lá trocar.

* Os livros mais longos que possuo e já li mais de uma vez são As Vinhas da Ira (629); Vidas Amargas (642), ambos do John Steinbeck, e Os Miseráveis (516). As Vinhas já li 4 vezes, e Os Miseráveis, 3. São livros envolventes e memoráveis, daqueles que a gente não quer parar nem pra comer.

* Dois livros que foram um "achado" na minha vida: O Apanhador no Campo de Centeio, comprei numa liquidação em Londrina, em 1989, por puro acaso.. Outro foi Fome, do Norueguês Knut Hamsun, encontrado numa feira de livros usados na UEM. Sabia da existência dos dois mas nunca achava. Hoje tá mais fácil comprar graças à Internet.

* Bukowski, Fante e Kerouac fizeram minha cabeça no ínício da década de 80. Com Kerouac, em 1982, deu vontade de largar família, amigos, emprego e cair no mundo, virar mochileiro, curtir a vida, como ele descreve em sua mais importante e conhecida obra, On the Road (Pé na Estrada) de Alías, fiquei sabendo mais tarde que muita gente caiu na estrada após ler o livro. Eu era muito bundão para tal empreitada.

* Os livros de Charles Bukowski exalam álcool, lirismo e bom humor alternado com momentos trágicos na vida de seu alterego Henry Chinaski. Outro que também vivia largado, mudando constantemente de empregos mixurucas e mulheres. Dou muita risada com esse alemão pra lá de maluco.

* Arturo Bandini é o personagem autobiográfico do americano John Fante. Mais comedido em suas ações mas quase sempre também no fio da navalha, Fante conta suas desventuras da infância e juventude, quando tenta a qualquer preço ser um escritor. Fante mistura humor e dor em seus textos simples e maneira pecuiliar de escrever.

* A maioria dos contos e romances dos três são escritos na primeira pessoa, Fante e Buck descrevem, de forma simples e coloquial, as agruras de jovens tentando ser escritores. Interessante é que Fante tem influência de Fome, de Hamsun (1859-1952) e Bukowski herdou o estilo do primeiro. Coisa inerente aos livros e contos dos dois autores: Não existe final feliz em nenhum deles.

* "Eu era um jovem, passando fome, e bebendo e tentando ser escritor. Fazia a maior parte das minhas leituras na Bibliote Pública de Los Angeles, e nada do que eu lia tina a ver comigo ou com as ruas ou com as pessoas que me cercavam. O que escreviam era uma mistura de sutileza, técnica e forma, e era lido, ensinado, ingerido e passado adiante. Por que ninguém dizia algo? Por que ninguém gritava? (...)
Então um dia puxei um livro e o abri, e lá estava. Fiquei parado de pé, por um momento, lendo (...) Aqui estava um homem que não tinha medo da emoção. O começo daquele livro foi um milagre arrebatador e enorme pra mim"- Charles Bukowski, no prefácio de Pergunte ao Pó (1939), de Fante.

* Vieram e foram:
-Jack Kerouac: 1922-1969
- John Fante- 1909-1983
- Charles Bukowski- 1920-1994

3 comentários:

josé roberto balestra disse...

Meu amigo Lukas, fiquei um pouco triste em saber que suas leituras passaram ao largo de Guimarães Rosa... Se você de fato não o leu ainda, não sabe a perda que está tendo. É uma leitura cheia de humanismo, longe dessa “pobremera” que a gente tem todo dia.

Não precisa ser "Grande Sertão..." (que, aliás, é lindíssimo, daqueles que você falou, que quando a gente começa não quer parar nem pra almoçar... assim foi comigo, e já o li quatro vezes; tenho 3 volumes, cada um com sua função: um é raridade (2ª ed. 1958), o outro sofre minhas anotações com lápis 6B, e o 3º carrego comigo nas viagens, como companhia. A história é – para mim – inesgotável. Que me desculpe Machado, mas sou prefiro Rosa!).

Sugiro-lhe, com sua permissão, os contos de Tutaméia, todos maravilhosos. Leia lá, por exemplo, “Nós, os tremulentos”, que GR narra com muito humor acerca de três amigos bebuns . Eis um trecho de quando os três, já até a tampa, pegaram o carro e logo bateram num poste. Por milagre ficaram ilesos. Então o guarda chegou e: “... – Qual dos senhores estava na direção? – Ninguém nenhum. Nós todos estávamos no banco de trás...”

A propósito de GR, me vem à mente o inesquecível artista POTY. ¿Você já pensou na possibilidade de fazer ilustração para livros, mas apenas com seus belos traços em branco e preto? Aliás, se você ama leitura, logo terá imensa facilidade em ilustrar cenas de um original de livro, não? Pense nisso. (Ah, quando quiser, apareça no bloguinho...)

abs

lukas disse...

Olá, Balestrão. Volta e meia eu passo lá no teu blog. Já fiz bastante ilustraões para textos e me saí até bem. Quanto a Guimarães, nunca li, mas pretendo ler um dia.
Abração pra ti.

Michel Queiroz disse...

cara! acredita que to lendo, on the road? é mto bom! sempre me falavam desse livro! e nunca achava pra comprar! até que um dia na fila do caixa no mercadorama me deparo com on the road! contei o dinheiro na carteira! dava na agulha! não pensei duas vezes e levei! o livro é bom demais!

Bukowski, a galera da faculdade sempre me falava. decidi que quando achasse num sebo iria comprar. toda vez q ia no sebo perguntava se tinha alguma coisa dele e nada. até q um dia o cara me disse que havia acabado de chegar e que ele nem preço tinha colocado ainda!

aí ele disse: me dá 10$! aceitei na hr!

o título do livro é 'mulheres'! qdo apareci com o livro na uem a galera rodeou querendo comprar!

mas não vendo!

abraço, lukão!

força, sempre!