3.12.09

Matando a vontade

Sabe quando a gente fica com vontade de comer certo prato? Pois bem, já faz uns seis meses que tô ensaiando em fazer um angu.
Quando a mãe teve o meu irmão, em 1970, uma vizinha cuidou dela, inclusive fazendo o tal angu pra dieta.
Nessa época a gente passava falta de comida em casa, e moleque já viu, né? Eu sempre achava um jeito de comer um pouco escondido.
De lá pra cá nunca mais comi. Hoje, enfim, fui ao mercado e comprei coxa e sobre-coxa de frango. Fiz um panelão, adicionando um pouco de couve. Não pegou nem beira com o que a velha senhora do meu tempo de criança fazia . Mas fiz do jeitinho dela e ficou uma delícia. Comi dois pratões (foto) e agora me deu um sono danado, noves fora o "suadô".

11 comentários:

lukas disse...

Dinor: cara, sem querer excluí seu comentário bacana. Apertei a tecla errada. Querendo, envie novamente.
Achei legal você ter passado pela mesma situação de gulodice.
Desculpe.

Mana disse...

Vc ta enganado. As vezes tenho a impressao que a gente nao morava no mesmo lugar e na mesma epoca.
A gente tinha empregada nessa epoca: uma velha senhora negra vizinha que se chamava Maria. Ela fazia canja pra mae e cuidava da gente. Eu nao gostava da canja dela.
A filha dela era professora -D. Lourdes - casada com o Sr. Vico e eles tinham um monte de filhos. O mais velho era o Charrao. A nossa conta da feira aumentou muito na epoca porque eu dava tudo pra eles levarem pra casa...
Pode apagar esse comentario. So queria te lembrar que a gente teve alguns problemas de $$, mas nem sempre foi assim...
Beijos. Te amo.

Dinor Chagas disse...

Olá, Lukas
Vamos lá. Pois é. Como havia dito, mais ou menos nessa época, 1970, quando minha mãe teve meu irmão, Ademir, minha avó, fazia um angu, com frango. Era pra se recuperar na dieta. Claro, comovc mesmo disse, moluqeu é esse negócio aí mesmo. Bobeavam e eu estava lá, dando minhas colheradas no tal angu. Lukas, pra você ter relatado uma coisa tão simples que é um angu, é porque teve impacto forte em sua vida. Sabe que desde aquela época, me recordo do fato e me dá uma vontade de papar esse angu? Pois é. Acho que deveríamos criar um evento gastronômico, chamar a cambada e nos deliciarmos com essa "iguaria" deliciosa. Quem sabe daríamos até um nome pra esse evento: ANGUZADA DANÇANTE. Obrigado por me fazer relembrar um momento muito legal da minha vida. Abraço.

Beto disse...

Lucas, de que adisnta a foto se não enche a barriga (minha). A foto bonita, a fome pegando, o comentário legal,l mas ... manda um pouco pra gente

Anônimo disse...

Barbaridade Lukas, dormindo até agora ou o angu te fez mal?
Ivan

Anônimo disse...

Lukas como vc relatou que passou necessidades em 1970 e o tal angu te lembrou esse fato ,como vc mesmo diz sai fora que é rolo cara! Hj tu ta bem pra caramba pode não só comer angu como tbm caviar . Quer uma dica :vá comer caviar ! Nunca coloque em seu repertório música que não vai tocar menino !

Anônimo disse...

Olhaí... Sei que esse comentário vai ser censurado, mas tenho que dizer: a própria irmã do cara desmentindo ele...Não tem nada de bonito em fazer apologia da pobreza, amigo Lukas. Termos como barraco, pobreza na infância, "tenho um sapato e duas calças", devem ser combatidos e não enaltecidos. Ainda mais se são mentira...

lukas disse...

Ao anônimo das 12:33: a mana quis livrar a cara de alguém da família, no caso o meu falecido pai, que ficava tempos sem trabalhar. A gente passava fome, sim, em épocas alternadas. Cansamos de comer mingau de maizena com água dias a fio, pão com banana. e minha própria irmã almoçava pão com paçoquinha na porta da Andeson Clayton, comprados de um pipoqueiro. Às vezes faltava sal. No lugar da margarina a mãe punha um pouco de óleo e sal num pires pra gente passar o pão (que a gente comprava por mês de um padeiro -o seu João- e que às vezes ficava sem receber por mais de mês. cansei de comprar arroz de meio numa máquina que tinha na av. Morangueira.
De vez em quando eu
almoçava numa pensão da tia de um amigo meu, na Duque.
Minha tia rica volta e meia mandava compras lá da Prudentina, que ficava na Cerro Azul. Minha sempre guardava os tickts dizendo que um dia iria pagar a irmã.Quanto à mulher que trabalhou em casa, deve ter sido uns 10 dias, tempo da recuperação da minha mãe. Eu vendia tapete que minha mãe fazia com retalhos da Galeria dos Esportes, tudo pra comprar algo pra comer. Cansei de ir na Caixa Econômica pedir pelamordeus pra eles não executarem a casa por falta de pagamento (eu tinha 11 anos nessa época). Ia sozinho, morrendo de vergonha. Ia a pé na zona 2 pedir dinheiro emprestado pra tia rica
Corte de luz e água era constante nesse tempo.
Sinto muito minha irmã negar esse passado, dizer que morávamos em casas diferentes. Talvez o mundo dela fosse diferente do nosso; ou ela colocou tudo no aquivo morto.
ou hoje tem vergonha de assumir nossa condição na época.
Ela mesmo falava sobre esse período, quando a gente superou essa fase de altos e baixos, lá pelo começo dos 80. Dizia que nessa época, comia muito, que era pra compensar a fome que a gente passou quando criança.
Mas, vamo deixar pra lá.

Anônimo disse...

Aumentar a mentira leva ao inferno !

Anônimo disse...

Deixa pra lá...
o importante mesmo é que agora vivemos outros tempos de vacas gordas. Todo mundo tem salário digno, a agricultura vai de vento em popa, o pib atinge números fantásticos, não há fome, a saude é um bem comum a todos e ninguém tem mais que fazer "vaquinha" pra pagar tratamento de parente ou amigo...o SUS paga tudo e ainda coloca você numa suite com direito a 3 acompanhantes. Esse é Brasil que todos queríamos! A eduacação então... é coisa de primeiro mundo. Existem inúmeras faculdades particulares, mas todos podemos pagar, se não conseguirmos passar nos vestibulares das universidades públicas. Não há mais corrupção, as florestas estão sendo bem cuidadas pelas milhares de ongs que estão na Amazônia e você não vai encontrar lá nenhuma motoSerra. E isso que estamos perto de uma década de governo pestista (Lula)... Vamos imaginar a Dilma presidente para melhorar ainda mais e acabar de vez com a violência, que não é lá grande assim, visto que quase não existem delitos e nem temos jovens usando drogas...

O Brasil mudou sim...mudou sim...mudou sim...e pra melhor
muuuuuuuuito melhor. É um governo justo e exemplo para o mundo.

Anônimo disse...

Deixa eu sair em defesa do Lukas.

Não vou dizer meu nome. Hoje tenho 43 anos. Nasci aqui na VE e moro até hoje aqui.

Naqueles tempos, a Vila Esperança só ia até uma quadra abaixo de onde eles moravam, que era na rua da Galeria.

A minha família era uma das "menos pobres" da Vila. Meu pai tinha um emprego bom. Minha mãe também trabalhava em um escritório de contabilidade, vendia Avon. Eu e meu irmão vendíamos verduras, frutas e frango nas ruas. Meu avó também era ambulante.

E mesmo assim, os tempos eram bravos. Fome a gente não passava. Mas a comida era contada. Carne uma vez por semana e olhe lá.

Tínhamos muitos vizinhos que passavam fome sim. Falta de roupas, calçados, condições básicas de higiene.

Mas em compensação tínhamos muitos amigos. Conhecíamos quase todos os vizinhos. Brincávamos na rua até tarde.

Hoje, ainda moro aqui na Vila. Já não passo necessidade, tenho carro, moto, me formei na faculdade.

Só o que mudou é que as crianças já não se conhecem mais como antes. Já não brincam as mesmas brincadeiras nas ruas. Já não conheço meus vizinhos do lado, imagina os outros vizinhos!

Disso eu sinto falta!