Em meados dos anos 1970 conhecia um casal o qual chamávamos de Cascatinha e Inhana. Sei lá quem foi que deu o apelido. Ele tinha quase dois metros de altura, magro ao extremo. Ela, pequenininha e magrinha. Parecia um passarinho.
Ambos moravam numa casa de madeira abandonada em uma travessa da avenida Morangueira, na Vila Esperança. Não tinham água e luz. Tinham somente um ao outro.
Não sei como, mas a mulher e o companheiro sempre estava com as roupas sempre limpas. Ela com uns vestido floridos coisa mais linda e sempre usando batom.
Ambos eram alcoólatras. De onde vinha a grana pra manter o vício eu não sei. Não comiam quase nada, me parece.
Certa vez, num sábado, em frente à Comercial Rodrigues, na Morangueira, ele estava sentado no chão e ela batia de leve nele com uma bolsa fuleirinha. Era por volta de 10 da manhã e os dois já estavam naquela água.
"Vamo embora, véio", ela gritava. Eu sempre pensei, na minha inocência de moleque: O que será que essa mulher guarda nessa bolsinha.
Eles eram folclóricos na localidade. Aí, num sábado de manhã, veio a notícia triste;
Os dois foram na panificadora Fabiana, que existe até hoje na Morangueira, e comeram pão com margarina e café com leite. O fato até perturbou o Zé Carlos, dono da padoca, já que eles nunca tinham feito isso antes.
Quando foram atravessar a avenida (de mãos dadas) um carro os atropelou. Morreram na hora. 7 e meia da manhã.
Não teve um morador da região que não lamentou ou deixou uma lágrima cair. Foi muito triste
5 comentários:
pressentimento???
forte demais!!!!!!!
Ai que dó!eu não conheci o casal,mas fiquei triste com a história,lamentável mesmo.
Lembro como se fosse hoje.
Só que a morte dos dois, tenho quase certeza, foi por volta de 1984, ou 1985.
A morangueira sempre teve tipos folclóricos.
Acho que todo lugar tem.
Ao anônimo das 22:01... foi1978; Me lembro porque eu trabalhava no hotel Bandeirantes e tinha 16 anos.
Mas, legal, você recordar da história.
Foi deprimente, o fato.
Em 1984, a casa de madeira já era habitada pelo Pica-Pau. Um senhor negro, a mulher, duas meninas e um menino.
Viviam só lá Deus sabia como.
Lukas, isso é o que eu chamaria de crônica sintética. Parabéns!
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