20.10.08

Ah, a mídia

Na segunda-feira (13/10), o Brasil recebeu a notícia de que um rapaz de 22 anos estava fazendo refém sua ex-namorada, de 15 anos. Foram inúmeras reportagens sobre Lindemberg Fernandes Alves, um rapaz trabalhador, que não bebe, não fuma, tem dois empregos para ajudar a família.
Com o passar das horas, o rapaz foi sendo narrado como um criminoso seqüestrador desequilibrado.
Diante disso, uma gama de profissionais passou a ser entrevistada: psiquiatras, advogados, especialistas em segurança, psicólogos, criminalistas foram submetidos a perguntas do tipo "o que o rapaz estava pensando quando entrou no apartamento?", "qual o objetivo dele ao colocar uma camisa do São Paulo na janela?". E por aí ia um festival de sandices.

No segundo dia, o rapaz falou com uma emissora de TV e o espetáculo ficou mais dantesco quando apresentadores José Luiz Datena e Sonia Abraão chegaram a bater boca no ar para decidir quem tinha a equipe de reportagem mais competente, quem fazia um jornalismo mais ético.
É possível?
A partir daí, entrevistados, apresentadores, pastores passaram a falar com o rapaz por intermédio da televisão. Ao mesmo tempo, vários comentaristas de segurança (nova denominação para repórter policial) começaram a repetir a seguinte frase "este rapaz está fazendo um passeio pelo Código Penal", enquanto outros estimaram a pena dele em 40 anos.

Considerando que no contato telefônico o rapaz deixou muito claro que seu maior medo era ir para prisão e levar tiros, segundo suas próprias palavras, não seria uma questão ética evitar comentários sobre a punição que ele iria sofrer ao sair de lá?
Era de conhecimento de todos que ele estava assistindo televisão e ouvindo tudo. Não seria prudente evitar esse tipo de comentário com o objetivo garantir o sucesso da operação?
Em relação à imprensa, qualquer questionamento de seu papel nisso tudo é respondido pela seguinte frase: "Estamos fazendo nosso trabalho". Vocês acreditam que é possível fazer jornalismo nos meios de comunicação de massa de forma diferente, mais humana e com mais respeito?
No meio de uma agonia como um seqüestro, cárcere privado, ou o " mano que pegou a mina para provar seu amor". Muita gente ficou na expectativa do desfecho. Diante do final mortal desse fato (estou escrevendo as 14h54 de sábado, 18, e Eloá não foi dada como morta, mas viver em estado vegetativo é estar viva?) abriram-se várias rodas de conversas, dentro delas especialistas em segurança, promotores, psicólogos, o diabo a quatro.
Coletivas sendo cobertas, frases feitas, questionamentos constantes e um bocado de lamentos e condenações.
Afinal, nessa muvuca alguém vai confrontar o trabalho da imprensa? Alguém vai "cortar na própria carne"? Alguém vai admitir que não tinha preparo e mesmo assim falou com uma pessoa desequilibrada que mantinha reféns?
Alguém vai tomar do remédio amargo do fracasso e vai dizer que não deveria ter dado tanta notoriedade para um rapaz que estava ameaçando pessoas? Alguém vai admitir que nessa infindável procura por "furos" a dita ética jornalística foi pras cucuias? Alguém admite que com o estandarte do "Essa é a função do jornalista" todos os limites éticos, morais, pessoais, civis, políticos, econômicos que sejam respeitados ou/e desrespeitados são coisas justificáveis?
E são?
Ana Maria Peterson é professora
(Do VERMELHO)

5 comentários:

Anônimo disse...

Mais vergonhoso é a midiocracia onde Serra edita o JN e a Folha de Sampa!!!
Vergonhoso a cara-de-pau deste tal governador Morto_Serra tirando proveito da tragédia de famílias paulistas reféns da incompetência do governo tucano!
Os Demos/tucanos debilóides são incapazes de pensar e raciocinar!
Defendem com toda burrice que herdaram do Brasil colonial que violência se resolve com polícia e esquecem do fundamental, que a marginalidade só diminuirá com investimentos pesados em educação, esportes e geração de empregos e renda para o trabalhador!

Tee disse...

esses dias estão uma maravilha, a midia esta melhor que nunca, plantão anunsiando a morte da menina em quando ela ainda esta viva, depois pedem desculpa e mais dando enfase no estado grave da coitada do tipo
"ela tá viva mais já tá quase morta!"


PC VS PM


agora vão faser como a isabela, ficar dias procurando outros casos de namorados que matarão suas namoradas.

se não achar é perigoso eles providenciarem um

Anônimo disse...

Quando o ladrão entrar na sua casa, Henry, chame-o para bater um bolinha no quintal ou ler um livro ou ofereça um emprego e prove que a sua teoria - asna - está certa!

Anônimo disse...

Caro anônimo!
Acho que Vc não entendeu nada meu amigo!!!
Melhor que se refugie no anonimato mesmo pois assim não perderei meu tempo em ligar seus poucos neurônios que ainda funcionam comandando seus dedos no teclado!

Anônimo disse...

ão-ão-ão na na analise do henryzão:
analfabeto
é ladrão
perna-de-pau
é ladrão
desempregado
é ladrão.

obs: fazendo uma analise dos últimos presidentes, os dois mais coruptos, collor e lula, observa-se que um tinha formação superior e o outro é analfabeto.
Conclusão: grau de escolaridade não influência na criminalidade nem no nível do ladrão.