9.8.08

É coisa triste

Quando o pai se foi, aos 55 anos, no dia do seu aniversário, logo após ele entrar lá em baixo, dentro daquela caixa de madeira medonha, bateu o maior toró. 5 de janeiro de 1988.
Saiu todo o mundo correndo pros carros. Me lembrei na hora de uma passagem do livro O Apanhador no Campo de Centeio. Depois eu transcrevo o texto.
Pensei no pai lá, trancado, com aquela água penetrando na terra. Fiquei bem mal. Pensei que ele bem que podia estar em casa. A gente dando os parabéns. Mas, não. Tava lá; não ouvindo o barulho da chuva, não mais trazendo a nossa tão sagrada "mistura" pra janta (quando tinha dinheiro). Não mais vendo o nosso gato, nunca mais conversando com os vizinhos e com a gente, o canteiro de rabanetes que ele tanto gostava de cuidar recebendo a água do céu. E ele lá em baixo, com um monte de terra cobrindo-o.
A ida de nossos queridos é a coisa mais triste que existe nesse mundo.
Pensei nisso hoje, ao lembrar do enterro do Fermenton. 11 horas. Chovia e ventava. Foi lá pra cima um dos caras mais legais que já conheci. Sempre sorridente e brincalhão. E era meu fã!

Tô escrevendo isso aqui. Vou tomar uma latinha, fazer cachorro quente e assistir um piratão do Chaves. Meu pai, minha mãe, o Fermenton e mais um mundaréu de gente que eu gosto não vão poder fazer o mesmo.
É muito triste e deprimente.

Mas já pensei: quando eu me for eu quero ir num dia chuvoso, de inverno, com ventos de 80 km por hora, que é pra poucas pessoas poderem ir ao cemitério. Que fiquem em casa, fazendo cachorrão ou pipoca, deitados sob o cobertor. Felizes.
Porque, quando perdi um amigo de infância num acidente de moto, era um dia de verão, calor, pássaros voando, cerveja gelada lá no boteco; e aí eu pensei: Caramba, o Carlinhos, 26 anos, sendo enterrado num dia tão lindo quanto esse. Olha o que ele tá perdendo, porra!!

2 comentários:

Tee disse...

:/

Bulga disse...

Véio, um dia eu te conto minha história...