Em tempos de se amarrar cachorro com lingüiça, uma residência padrão tinha 2 quartos, um para os pais, outro para os filhos. O homem evoluiu, comprou um carro e agregou uma garagem ao lar, para abrigar seu fusquinha, que em algumas famílias era tratado como gente, recebia até nome próprio. O Paulo e a Dione tinham uma Variant II de nome Júlia, se não me trai a memória.
A mulher da casa ficou independente, cheia de tarefas, aprendeu a dirigir e ganhou o direito de ter um carro. Os sobradinhos com duas vagas de garagem ficaram mais valorizados.
Aí, meus camaradas, a maionese desandou: é carro pro pai, pra mãe, pra filha, pro filho, pra empregada, "carro do rodízio", e chegamos ao residencial dos sonhos de todo paulistano de boa cepa: UMA CASA COM MAIS APOSENTOS PARA OS CARROS DO QUE PARA AS PESSOAS. Dez andares para cima, e vinte subsolos.
Depois não sabem porque o trânsito é caótico em SP. Logo mais, veremos por aqui carros com vontade própria, andando sem pessoas dentro, reclamando da qualidade do combustível e da iluminação da sua "suíte". Já pensaram em uma "carreata autônoma"(?) contra a carestia do óleo sintético? Pelo direito de usar pneus remoldados sem sofrer preconceito?
Ainda virá para esta cidade um prefeito cabra-macho, que decretará a demolição de todos os imóveis, transformando todo o espaço em ruas e estacionamentos, forçando os munícipes a morarem dentro de seus modernos carros-casa, dotados de todas as mordomias de um residencial luxuoso. Esta é a verdadeira solução para o caótico trânsito paulistano. (Do ótimo blog Com Fel e Limão)
Transcrevi esse texto porque a situação deve se repetir aqui em Maringá dentro de alguns anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário