18.12.07

Laertão

Para mim o cartunista Laerte é o melhor do Brasil. A gente conversava esporadicamente por carta, e depois por e-mail, até que tivemos um entrevero por opiniões diversas à respeito de um outro cartunista, também lá da folha de sampa. Laerte é um cara simples.


Bom... só de raiva eu fiquei um tempo sem ler o trabalho dele e paramos de nos corresponder. E daí que eu percebi que cartunista sabe da vida do outro. A gente põe no papel o que se passa na cabeça ( escritor e músico deve ser da mesma forma). Certo dia peguei o Laerte, no bom sentido, e percebi que ele tinha mudado a forma do trabalho, a temática. E eu pensei: aconteceu algo de errado na vida desse filho da mãe; ele mudou o estilo. Mais uns dias e o Angeli fez uma tirinha imitando o traço do Laerte numa espécie de homenagem a um filho do amigo.


E na hora eu liguei a coisa: morreu um filho do Laerte e por isso ele baixou a crista. Nada mais de humor.

NÃO DEU OUTRA


Hoje comprei a revista Carta Capital e, felicidade, tava lá uma matéria sobre o gênio dos cartuns. Aí deu pra ratificar o que eu havia imaginado: a morte do filho, de 22 anos, num acidente de carro em 2005 abalou Laerte, 56 anos. "


"Eu já vinha ensaiando uma mudança antes, desde 2004, mas, quando aconteceu o acidente com meu filho, pensei seriamente em parar, em largar tudo, ir fazer outra coisa. Fiquei um mês sem trabalhar.


Laerte deixou pra trás os Piratas do Tietê; o casal de gatinhos; os palhaços Flip e Top; Hugo, Deus, o Síndico e Suriá, a menina do circo e Fagundes, o puxa-saco, entre outros.


Uma pena. Mas Laerte (apesar de alguns jornais, como o Zero Hora de Porto Alegre , suspenderem sua colaboração) não vê problemas em sua guinada de estilo. " O leitor brasileiro é porra-louca também, aceita jogos diferentes de um modo que o norte-americano dificilmente aceitaria. O norte-americano acostumado a ler Garfield liga para o jornal e, se o jornal não tomar providências, ele chama os marines", ri, em um momento da entrevista.

Nenhum comentário: