Cada uma...

Acontece cada vida na coisa da gente. Sai de bice, de manhã, pra dar uns vorteios. No trajeto furou o pneu trazeiro (câmara novinha!!). Lá pras bandas do Borba Cat existem três oficinas; todas estavam fechadas. Aí eu vim empurrando a trolha, lá da pqp, em direção ao barraco.
Mas, estava escrito nas estrelas... tio Lukas atrai essas coisas (ou essas coisas me atraem). Uma senhora já de idade carregando duas gaiolas enormes passou por mim. Andamos duas quadras na avenida, eu atrás dela (no bom sentido) até que ela parou numa sombra e eu brinquei: " Cansou, hem?" .
Aí eu parei também, que eu já tinha andado uns duzentos quarteirões empurrando a bicicleta, num calorzão danado. Ela me disse que havia achado as gaiolas em uma calçada e as pegou. Resumindo: Me ofereci pra carregar uma daquelas grades e fumos andando até à casa dela. No meio do caminho larguei a bicicleta numa estofaria de um amigo e botei o cadeado, catei a outra gaiola da mão dela ( ela falou que tem bursite) , e fui carregando aquelas trolhas por mais cinco quadras até chegar na casa da mulher.
Que pós-Natal mais surreal, pensei. Eu com a mochila nas costas, suando às bicas, com aquela anciã ao meu lado, indo lá pra longe de casa, pensando no pneu furado, o pessoal passando por nós e pensando " O que esse filho da mãe tá fazendo com essas putas de umas gaiolas na mão?". Eu juro que dava pra criar um casal de urubus dentro delas, de tão grande que são.
Larguei o treco na área da casa e voltei pro barraco, com minha mochila nas costas e sem a bice. mais 12 quadras. Amanhã cedo eu levo na primeira oficina que estiver aberta.
Tá indo bem o final de ano...