Como sempre faço todos os dias, fui comprar pão na padaria do Borba. Eram 5 e meia da manhã e ainda na avenida escutei uns barulhos esquisitos, algo como se alguém estivesse batendo com um pau em alguma coisa. Deixei pra lá. Aí cruzei com seu Luiz e falei "boa tarde" pra ele. A gente tem essa brincadeira de quando um chega depois do outro na padaria receber um "boa tarde". Ele madruga feito eu.
Mas daí eu desci da bike e fomos juntos, caminhando; o Beto tava levantando a porta da padaria.
E não é que o barulho que eu tinha ouvido era na casa ao lado da padaria?. Paramos pra ver o freje- seu Luiz e eu. Dois irmãos quebravam o pau. A garagem da casa estava escura, uma moto caída e um deles, bêbado, pisando em cima da coisa, chutando que nem um doido; a mãe segurando um dos rapazes e pedindo "pelo amor de Deus", "Valha-me Santo Deus", essas coisas que mãe pede nessas horas. Eu fiquei com medo de apartar porque nem conheço o povo. Fiquei com baita pena da mulher.
"Seu bêbado vagabundo"- falou um dos manos e deu um murro na boca do outro que fez até eco dentro da garagem. Este último deu com o corpo na parede, a mãe segurou (tadinha da mãe) e eu entrei na padaria. Catei meus pães, a mortadela e zarpei pro barraco.
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