Voltando da padaria, hoje, às 5h40, passei pelo João e seu carrinho de catar material reciclável. Ele mora lá no Jardim Universo e já estava descendo em direção ao barraco.
- E aí, João. Maravilha?- eu disse.
- Ôpa, tudo bom. - respondeu, continuando a marcha e eu pedalando a bicicleta.
Aí me deu acesso de riso mórbido, pensando na expressão imbecil que usei. Ainda bem que onde eu moro é um deserto e tava todo mundo dormindo. Comecei a imaginar eu parando pra cumprimentar o João e seus três cachorros. Vamos à cena:
- E aí, João. Maravilha? (E os cães lá, cheirando a barra da minha calça e o tênis)
- Ôpa, tudo bom. Acordei às 3 da manhã, comi um pão seco sem margarina e com uma água de batata, que é pra economizar o pó. Aí peguei esse carrinho, que pesa seis vezes mais que eu, dei um pouco de polenta pra esses esfomeados aí e puxei esse negócio de casa até o Maringá Velho.
Perto do Borba Gato me deu um dor de barriga e eu tive que entrar no meio do mato, e esses cachorros me rodeando e enchendo o saco. Depois que me aliviei eles ficaram lá no terreno baldio.
Enfiei a cabeça em uns 15 contêineres pra pegar latinha, papelão e resto de comida pra essa raça aqui (os cães). Quase fui atropelado por um desses carrões que tem aí. Um cara ali perto do Cidade Canção tava bêbado e veio pra cima de mim, me xingou, chutou o carrinho e foi embora.
Agora eu tô aqui, a uns cinco quilômetros de casa, com a barriga roncando, puxando essa merda de carrinho e acho que vou faturar uns 10 reais com essa carga.
Como você disse, tá uma maravilha. Minha vida tá uma maravilha. Tchau.
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