Repararam que quando alguém morre todo mundo trata como se fosse um candidato a anjo, o ser humano mais iluminado que existiu na face da terra, o bonzinho, o escolhido, o ungido que vai fazer falta? E agora, o que faremos sem ele e sua bondade? Como será o mundo agora? Era um cara tão bacana, leal, sempre sorrindo. Snif!
Morreu um cara essa semana que me tratou feito um cachorro em 1989, na frente de um monte de gente, lá na Nápoli, num domingo de manhã. Maior vergonha pra mim. Acho que eu não merecia aquilo em lugar nenhum.
Quase cuspiu na minha cara, falando alto. Eu era um coitado, como até hoje o sou. Estava começando no meio jornalístico e queria me enturmar e tudo. Nunca vou me esquecer daquela voz grossa e o dedão na minha cara, falando um monte de coisa pra mim. Achei que ia levar um murro. Foi por causa de um cartum que eu fiz num jornalzinho e que se referia a um cara que dava uns trocos pra ele. Caí fora, sem argumento nenhum e fui a pé até a Vila Esperança, tremendo e morrendo de medo, um sol danado na cabeça.
Eu era novinho e aquela situação quase acabou com minha pretensa vontade de ser cartunista. Me lembro que a mãe tinha feito macarrão com frango e eu nem nem almocei nesse dia.
7 comentários:
Esse cara nunca foi grande coisa...
Vc ainda tem o cartum? Publica ai...
Lukas,
Quem estaria apto a julgar o seu posicionamento ? eu ? Com certeza, não. Mas li, dia desses, que a mágoa e o ódio são remédios que você toma com a intenção de que o outro morra.
Se bem que você não falou nesses sentimentos, mas PENSE NISSO tal como aquele seu "ditado árabe".
Se tem uma pessoa que não merece ser tratado como anjo é esse cidadão que morreu hoje. Na minha opinião: já vai tarde! Esse Georges Khoury e o Paulo Pucca, deixaram a cidade de, certa forma, mais leve. Não sou falso e nem hipócrita de achar que os caras ficam bons quando morrem.
é difícil eu concordar com algo que vc escreva, mas hj não tem jeito. vc está certíssimo.
esse cara aí que vc se refere, se for o mesmo que eu estou pensando, não valia coisa alguma mesmo. era um ser desprezível.
Se daqui a um mês alguem lembrar dele. Ele era importante. Se fizer falta para a cidade, ele era importante.
Mas com certeza daqui a um mês ninguém mais vai lembrar desta pessoa.
E Então confirmaremos a existência de muitos e muitos hipócritas.
O filho desse cara que você falou aí, se matou com um tiro numa chácara que eles tinham, às margens do rio Ivai, porque descobriu que esse cara aí comia a namorada dele, que era secretária desse cara aí.
Esse cara tinha arrumado trampo prá namorada do filho e começou a comer a menina. O filho descobriu, e sem matou.
Em Maringá estamos agora com esta mania de jornalista enaltecer jornalista, por mais mau caráter e safado que o cara seja ou que foi. Basta que ele passe ums tempinho no ostracismo que logo vira santo. Fala-se coisas cabeludíssimas desse jornalista que morreu e mesmo assim gente da imprensa que consideramos séria enaltece o cara. É o espírito de corpo falando mais alto que a missão profissional.
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