23.2.07

Sexta-feira

Hoje eu estava no bar do Tuti por volta de 11 da manhã, lá no Borba, tomando uma latinha e lendo um livro sobre Mao Tse-Tung. Não tinha ninguém no boteco. Aí chega um coletor de lixo, todo suado e me cumprimenta : "Oi"... "Oi tudo bom?"... "Tudo jóia", diz ele, Vai ao balcão e pede uma faca. O Tuti nem pensa muito, já conhece o ritual. Cata o litrão e espera o rapaz pegar um limão rosa do bolso, cortar e espremer no copo. O Tuti enche o copo, ele vira de uma vez, me olha e dá uma tchau amigo. Foi de grátis. Sai correndo pelas ruas, procurando nossos sacos plásticos cheios de papel higiênico, cascas de bananas e laranjas, Mods e camisinhas usadas, filtros de café e tudo aquilo que a gente não precisa mais.
O vejo atravessando o canteiro da Nildo Ribeiro com um monte de sacos de lixo na mão, amontoando aquilo que um dia foi nosso. E eu viro a página do livro do Mao; um caminhão passa buzinando. O sol brilha lá fora e esquenta a avenida desta sexta-feira chata.

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