9.2.07

É nóis

O brasileiro tem pra quem puxar. Estou lendo o livro Viagem ao norte do Brasil, escrito pelo francês Yves D'Evreux, em 1613. Eis um trecho:
"São impudicos [os índios Tupinambás], inventores de notícias falsas, mentirosos, levianos e inconstantes, vícios mui comuns a todos os incrédulos e são extremamente preguiçosos, a ponto de não quererem trabalhar, embora vivam na miséria antes do que a opulência por meio do trabalho.
Vou dar um exemplo bem notável da preguiça dos nosso Tupinabás.
Na entrada de uma choupana de uma aldeia encontraram [os franceses] um grande fumeiro cheio de caça, e ao lado dele um índio, donoda casa, deitado numa rede de algodão, que gemia muito como se estivesse doente.
"Está doente, meu compadre", perguntaram os franceses. "Sim", respondeu ele. "Que tendes, quem vos fez mal?"
"Minha mulher- disse ele- Foi para a roça desde pela manhã, e eu ainda não comi". A farinha e a carne está tão perto de vós, porque não vos levantais e comeis?", disseram os franceses.
"Sou preguiçoso, não sei levantar-me".
"Quereis- tornaram os franceses- que vos levemos a farinha e a carne e comeremos convosco?"
"Quero", respondeu ele logo.
Mas tem coisa boa também. O lado hospitaleiro e solidário do brasileiro parece começar por ali. Tio Lukas escreve a respeito ainda hoje.

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