24.1.07

Meus furtos-3

Essa foi coisa feia. Passei a noite no corró por causa de uma pacote de linguiça calabresa. Foi assim, vou contar: Eu estudava no Colégio Paraná e era bancado pela minha mana. Era 1980 e eu tinha 18 anos. Certa tarde passei na república do Zé Moraes, que estudava na minha classe, e começamos a tomar batida de limão com pinga de alambique- eu sempre odiei pinga, mas nesse dia...- As moças que moravam com ele foram pra a UEM e ficamos batendo papo e tomando batida. De repente bateu uma fome, os dois sem um puto no bolso e com vontade de comer pizza. Zarpamos pro Musamar Colombo pra conseguir algo. Eram quase 7 da noite e o mercado estava fechando. Não tinha ninguém dentro e eu enfiei um pacote de calabresa embaixo da camiseta e saimos pro estacionamento. O problema é que um segurança flagrou o furto; eu quis dispensar, mas já era tarde.
Quando saí com o Zé e virei a esquina do estacionamento o guarda pediu pra eu parar. Saí correndo e ele jogou o cassetete entre minhas pernas, escorreguei na areia e cai, ralando o joelho e perdendo os chinelos.
Aí veio o japonês, gerente do Musa. Pedi pelo amor de Deus pra ele me liberar dos braços do guarda. Nessas alturas o pacote de calabresa já estava de volta à prateleira.
Aí começou o pior. Chamaram a polícia que veio em dupla num fusquinha. Quando vi não sabia se ria ou chorava. Os dois policiais eram da minha classe no Colégio Paraná. O Aparecido e o Antonio.
O Japonês filho da puta me entregou a eles e contou a história. Entrei no fusca morrendo de vergonha mas com uma esperança que eles me deixassem cair fora, por a gente estudar juntos
Mas qual o quê. Me lembro que quando a gente tava saindo do estacionamento do Musamar rumo ao Casarão Amarelo passamos pelo Zé Moraes, que também estudava na nossa classe. Eu olhei pro cara e quase falei que ele também estava envolvido. Mas aí pensei: deixa um só se fuder. Vai pra casa, Moraes.
-Ô Cido, libera, eu cara. Ô Antonio, deixa eu ir embora. A gente estuda junto, né?
-Não dá. Já registraram a queixa e a gente tem que te levar pra cadeia- falaram com aquele jeitão do pessoal que adorava a ditadura. Aí eu fui e me colocaram no corró com mais quatro caras, na maior escuridão. Eu, triste pra burro, pensando em mais uma decepção que estava dando pra família, com um cara cuspindo na minha cabeça
De como eu levei cuspida na cabeça, de como ajudei a engaiolar uma prostituta drogada e de como saí daquele treco às 8 da manhã, todo sujo e descalço correndo pela avenida Paraná, em direção a minha casa, eu conto outra hora.

2 comentários:

Anônimo disse...

que merda hein Lukas...eu conheçi esse japoneis dono do musamar..de tão ruim que ele é, perdeu 90% do seu patrimônio..castigo pela sua ruindade!!!

Anônimo disse...

É a Lei do Universo, jão.