(...) A angústia foi ainda maior na peça escura com a volta dos pequenos famélicos, que queriam comer [Lénore e Henri haviam ido esmolar e perderam o dois soldos que cairam na neve]. Por que não lhes davam comida de uma vez? Começaram a chorar e a brigar entre si, acabaram caindo sobre pés da irmã agonizante, que soltou um gemido [Alzire está para morrer de fome]. Fora de si, a mãe espancou-os, ao acaso das trevas. Depois, como eles gritassem ainda mais forte, pedindo pão, desfez-se em pranto, caiu sentada no chão, cingiu-os num só abraço que abarcou a pequena enfêrma. E assim, por muito tempo, correram-lhe as lágrimas, num relaxamento nervoso que a deixou mole, aniquilada, balbuciando vinte vezes a mesma frase, chamando a morte: "Meu Deus, leva-nos para junto de ti! Meu Deus, tem piedade, leva-nos de uma vez para terminar com isto!". O avô conservou-se imóvel, como uma velha árvore batida pelo vento e a chuva, enquanto o pai continuava a percorrer o espaço entre o fogão e o guarda-comida, sem olhar para nada.
(Germinal, de Émile Zola- pág. 411)
Um comentário:
O cara isso é muito triste.
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