Rango

Coversava à pouco com uma moçada no Bar do Madruga. O local é frequentado por pessoas de renda "média-baixa", ideal pra mim, que odeio esses tais de caruash. O assunto rolou sobre rango e a facilidade de as pessoas comerem bem com a política do atual governo. Questionei alguns frequentadores e anotei declarações de cinco pessoas que estavam no bar.

"Na época do Sarney [1986] eu tinha dois empregos. Na Conterpavi e numa transportadora, fazendo bico [nesta ultima]. Meu caldeirão de comida, que a mulher arrumava, era um dia feijão, arroz e cebola refogada. No outro era feijão, arroz, e ovo frito. Aí no outro dia vinha a cebola de novo. Carne era só um pedacinho, de vez em quando. Hoje eu como arroz e feijão de primeira e carne quando der vontade" . (Madruga- dono do boteco)
"Agora à pouco passou o carro de som do Lúcio fazendo propaganda do Mercado Iguaçu falando de paleta de porco à R$2,39 o quilo. É o preço que nego tá pagando numa cerveja. Duas cervejas e um pinga já dá pra comer carne a semana inteira numa família de 4 pessoas" ( Nelson- Dedetizador)
"Fica domingo de manhã em frente do Mercado Iguaçu, das 10 a meio-dia se você não vê umas 30 pessoas saindo com saco de carvão, caixa de cerveja e pacote de carne" (Fião- latoeiro)
" Aqui no Borba Gato você passa de domingo de manhã e é aquele fumação de churrasco nas casas. Sem contar o barulho de garrafa de cerveja e latinha que nego fica jogando nos cantos. (Marco Brasil- Caminhoneiro, desempregado)
"A fila do açougue do mercado tá sempre cheia. Ponta-de-peito à R$2,99 e pacote de arroz à R$5,89? Quando você viu isso? O que tá caro é o papel higiênico; mas se a gente comer bem o papel é o de menos. (risos gerais).
(Hélio- Pedreiro forgado e dependente da aponsetadoria da mãe)