27.3.06

Impoliticamente correta

O menino ceguinho de nascença ia fazer 10 anos. Faltavam poucos dias e uma tarde o pai do menino ceguinho chega pra ele e diz:
- Meu filho... mandei vir dos Estados Unidos um colírio que vai curar a sua cegueira. É um remédio maravilhoso, milagroso. Só uma gotinha em cada olho e você vai poder enxergar.
Aí o menino ficou todo feliz e disse:
- Que bom, pai. Agora eu vou poder saber como é você, como é mamãe, meus amigos, o azul, o feio, as meninas, as flores, tudo. Que dia o remédio chega?
- Eu te aviso- disse o pai.
E todo dias o pai chegava do trabalho e o menino corria pra ele, aflito, batendo nos móveis, gritando:
- Chegou, papai? Chegou?
No dia 28 de março, o pai chegou em casa, aproximou-se do filho ceguinho e balançou um vidrinho no ouvido dele.
- Sabe o que é isso, filhinho?
- Sei, sei- gritou o menino- É o colírio! É o colírio!
- Exatamente, meu filho. É o colírio.
- Que bom. Agora eu vou poder ver as coisas, saber se eu pareço com você, saber a cor dos olhos da mamãe, usar meus lápis de cores, ver os pássaros, o céu, as borboletas. Vamos, papai, pinga logo esse colírio nos meus olhos.
-Não. Hoje não- Mandei chamar seus avós, todos os nosso parentes; eles chegam no dia de seu aniversário. Quero pingar o colírio com todo mundo aqui em sua volta.
- É, O senhor tem razão. Quem já esperou 10 anos espera mais uns dias. Vai ser bom. Aí eu vou poder ficar conhecendo os meus parentes todos de uma vez.
E foi dormir mas não dormiu, rolando pra lá e pra cá.
Quando foi no dia seguinte, dia 29 de março, cedinho, ele acordou o pai.
- Papai, pinga num olho só. Num olho só. Eu fico com ele fechado até o vovô chegar. Juro!
- Não. Aprenda a esperar.
- Mas, papai. Eu quero ver a vida, eu quero ver as coisas, papai.
- Tudo tem sua hora, meu filho. No dia do seu aniversário você verá.
O menino passou sem dormir o dia 29, o dia 30 e o dia 31; Quando foi ali por 10 horas da noite ele chegou-se pro pai e disse:
-Papai, faltam só duas horas pro meu aniversário. Pinga agora, papai.
O pai pediu que ele esperasse a hora exata e quando deu meia-noite em ponto- a família toda reunida- o pai pegou o vidrinho, pingou uma gota num olho, outra no outro.
- Posso abrir os olhos?- perguntou o menino.
-Não - disse o pai- Tem que esperar um minuto certo senão estraga tudo. Vamos lá... sessenta, 59, 58, 57, e foi contando... 34, 33, 32, e foi contando- e o menino de cabecinha erguida esperando- 26, 25, 24, 23, e foi e foi... 15, 14,13, e toda a família em volta esperando. E 10 e 9,8 ,7, 6, 5, 4, 3 ,2, 1 e já!!!
O menino abriu os olhos e exclamou
- Ué. Eu não estou enxergando nada!
E a família toda, batendo palma, cantarolou no ritmo:
- Primeiro de abril, primeiro de abril, primeiro de abril!!!
(Postado por Jacomino Pires- do Conselho Editorial)

Um comentário:

Anônimo disse...

Mui podre!!! Rsrsrsrsrs